terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O Menino e a Virgem

Madonna teve um encontro com Jesus
Viu-a Luz
Transfigurou-se-lha
Pelos trinta dinheiros
E nem foi crucificado.

Meio à portuguesa, 
Singrando por mares nunca dantes navegados
Descobriu o pau-brasil 
E aportou na Avenida
Com o samba-enredo da anunciação.

Com o réu só citado, após três dias
Subiu aos Céus
E voou para New York
Onde está sentado
À direita da coxa esquerda da Virgem
Numa cobertura
Com vistas para o Central Park.

Bispo Maiscedo
Igreja "Nunca é tarde"
e
Poeta em meio-expediente, abençoado por Deus e bonito por natureza

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Franciscântico calouro



     Ser calouro:
é ter na mente
éter na mente
ternamente
eternamente

Arcadas, fevereiro, CLXXVII- calouro Sanfran.................. CLXXXIII - calouro Mestrado



Ao ser-lhe outorgado o sagrado direito
De adentrar os umbrais da hiperbólica Academia
Por certo baixará os olhos
Diante da magnificência dessas Arcadas
E em devaneio, procurará imaginar as pegadas
Dos monstros sagrados, românticos ou não, 
Seus nomes inscritos nas majestáticas colunas
E, deslumbrado exclamará: Aqui está a História !

No depois, perambulando entre o Pátio e o Porão
Entre vitórias e descobertas vívidas e vividas,
Em meio à duas mil e trezentas tendências e mentes franciscanas
Numa incrível e indescritível turbulência ímpar
Buscará por onde se permeia o cenário dessa tal História
Ela, aos poucos se revelará vazia, cenário apenas
Chegando a casa, olhar-se-á ao espelho
Ali se deparará com a imagem-resposta
que a Academia nos revela a cada um:
Eis a História ! Eis o Presente !
E ela me espera ávida, cenário apenas,
A preenchê-la com a minha parte, a minha arte
O seu futuro, a minha obra.
Emoldurada em Amizade e Alegria.

O belo Tudo é o Nada feito
Há por fazer, continuar
Por esse do Espelho

Aos que apenas buscam assento
Para, inertes, assisti-la passar
Restará o desconforto e a decepção
De nada assistir, de nada ver, nada criar.
Apenas acreditando que assim seja.
Pensarão, em suas cabecinhas
Ser então a Sanfran um túmulo com paredes carcomidas
Revivendo anacrônica um passado morto, num presente amorfo.
Para eles, estória apenas. A Academia, sua  medíocre “facul”.
Isso, a imagem que o espelho lhes revela.
O presente amargo, o XI um número. Romano, em esnobismo estéril.
O futuro, um estágio apenas.

As Arcadas são sempre as mesmas,
O espelho é sempre o mesmo
O Largo não é estreito

Ser ator ou ser platéia
Você, a diferença
Na História que reverencia.  

Roy Babbosa                                                                            
Arcadas, XI de fevereiro, CLXXXIII