domingo, 23 de agosto de 2009

Lullaby

Um novo e redentor amor
A oferenda do que te apetecia
Trôpego e com erradas palavras
Envolveste-me o espírito.

Sem ter na mão o mínimo
Prometeste-me o máximo.

Na noite que nos envolvia
Elegi a ti, ser minha estrela
E me fiz tua companheira.

Quando então te apossastes do meu ser
Teu terno amor me violentou
De um mar de rosas
Buscastes espinhos a me coroar.

Passados desencantos se amenizaram
Pois, teu desfilar de erros
Superastes a todos.
O prometido novo foi igual. Pior.
De tuas mãos estendestes
A fraude que me sufocou.


Em notas esparsas
Quisestes comprar os oponentes
Do que foi outrora amada idéia
Amá-la ? Só a ela, cheia.

Serias mil,
Foi-me zero.

Pati Faria
Poetisa ativista desativada

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Franciscântico

apenas uma paródia franciscana

(Águas de Março - Tom Jobim)

É verso, é trova, é Fagundes Varella
É Semana de Artes, é um pouco de tudo
É o Calouro, é a Lei, o Direito
É o Pátio, é o Porão, é o Largo, é o Hall
É o futuro agora, é o passado amanhã
É o peru, Peruada, é o MMDC
É a Revolução, é Constituição
É Dom Pedro I, é o Oswald de Andrade
É o dando Pindura, é um fim-de-carreira
É o beck, é o FICA, é toda quinta-feira
É a Filosofia, é conversa fiada
É a História inteira, não me lembro de nada
É o FEMA, é a Récita, é o cochicho na escada
É a taça na mão, Castro Alves, Poesia
É uma grande Amizade, uma grande Alegria
É a Loucademia, é Primeira, é um novo partido
É os Jogos Jurídicos, é o fim da picada
É uma mente brilhante, é um pouco esquisito
É um dom, é um prêmio, é uma rixa, é um maluco
É um deus, é o Tumulo, Batizado na Sé
É a luz do Amanhã, Carruagem de Fogo
É um bigode, é um dia, é um corpo estirado
É um ano inteiro, é sombras das Arcadas
É um caso contrário, é um eu sou mais eu
É São Paulo, é Brasil, é o mundo num grão
É o “XI de Agôsto”, Álvares de Azevedo,
É isso a São Francisco, essa é a Sanfran
É o pulso da vida tomando o seu coração.

Onzaga
um franciscano fundamentalista

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Duras penas

Seqüestro, estupro e morte ?
Alegou crime famélico
Pois roubou para comer.

Tomado por intensa emoção
De ver pública sua viril carência
Agiu em nome da honra:
O homícidio, sua defesa.

Dado o rigor da Justiça
Após considerado e atenuado
O réu foi condenado:
Para pagar o causado mal
Doaria um quilo de sal.

Kelley Kenada
Advogado e iconoclasta

XI de agosto, CLXXXII